sábado, 22 de setembro de 2007

O CÃO E SEUS CONTRÁRIOS


Gosto de escrever sobre os cães. Mais que escrever gosto deles. Tanto gosto que queria ser um. São seres excepcionais. Não há entre os irracionais quem se iguale a eles. E olhem lá que podemos incluir nesse conceito muitos de nós mesmos – os racionais. Os cães possuem todas as ferramentas de uma fera. Pouco diferem de um leão ou de um tigre na capacidade de agredir e matar. Se duvidarem ponham a mão na boca de um deles, num momento de mau humor e sem antes construir um pequeno lastro de amizade. Como todos nós humanos eles selecionam com quem querem ser dóceis e a quem aplicarão suas capacidades ancestrais de defesa e agressividade. Com a diferença que se entregam incondicionalmente a quem defendem e agridem sem a menor premeditação. Sabem a força que têm e a usam na medida exata de seus deveres de fidelidade e obediência.

Os cães, entretanto, carregam consigo contrários abissais. Para alguns são anjos, para outros demônios. Tal e qual Gabriel e Lúcifer fundidos numa mesma entidade. No pitoresco linguajar nordestino “cão” é sinônimo de Demônio enquanto que pode ser também o símbolo angelical da fidelidade.

Quer exemplo melhor do que duas posturas antagônicas lavradas pelas figuras nacionais de Waldick Soriano e Rogério Magri? –
Aquele ministro do Collor, lembram-se - O primeiro todos conhecem por ser um cantor popular, ainda que meio esquecido hoje em dia. O segundo, só para lembrar, foi um controvertido Ministro do Trabalho que ganhou fama pelas presepadas que aprontou deixando um rastilho de anedotas e cafés no seu curto mandato.

Pois bem, o Wandick, em uma de suas mais populares canções diz que “não quer ser cachorro, não”. Não quer ser tratado por sua amada como um vira-latas qualquer. E com isso lança nos seus versos a pior das idéias que se pode impingir a esse animal tão cheio de virtudes. O cachorro de Wandick é aquele ser abjeto de magreza impar, sarnento e pulguento, abandonado e escorraçado pelas ruas onde perambula em busca de um naco de comida para saciar sua fome. Infelizmente esse cão também existe vitimado, justamente, por aqueles que ele quer defender e que os abandona covardemente. Wandick não quer ser esse cachorro, não.

No outro extremo dessa corrente de tantos elos na maneira de avaliar o melhor e muitas vezes o mais sofrido dos amigos do homem, está o ex-ministro Rogério Magri forjador de tantas anedotas involuntárias. Ao ser flagrado por jornalistas levando indevidamente seu cachorro ao veterinário no carro oficial do ministério que presidia aos trancos e barrancos, e advertido de que o carrão era para transportar autoridades como ele, saiu-se com esta: “mas cachorro também é gente”. E foi bater direto no conceito do cão que é o mais especial dos animais de quem falamos. Para aquele homem de idéias curtas e, certamente, de coração largo, o cão é tão humano nas suas virtudes que chega a ser gente. Sem tirar nem por.

Eu não tenho nada contra e nem reclamaria dos impostos que paguei e que certamente ajudaram a pagar a gasolina daquele périplo do Sr. Ministro a caminho do veterinário. Acho que a despesa foi bem aplicada. Melhor e infinitamente menor de quando transporta políticos corruptos com suas sacolas de dinheiro subtraídas daqueles “humanos” que morrem desassistidos nos corredores dos hospitais do governo. Fiquemos tranqüilos porque não há cão corrupto. E se algum mal podem fazer inconscientemente é por culpa de seus donos que não souberam tê-los como companheiros.Os cães são simples como anjos. Ingênuos como os néscios. Fieis como só eles mesmos. Sem comparação.

Esta crônica eu dedico ao Black, Fany, Raja (na foto) Toby,Lana, Flicka, Rick, Rey (Reymond) e Flicka - esta última exilada em outras paragens porque disputava, literalmente, com unhas e dentes a prioridade em ficar a meu lado. Ciumenta como como um Otelo de rabo..

5 comentários:

JUVENAL ALVARENGA disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jarbas disse...

Alô Juca,

Não sou lá muito amigo de cães. Mas alguns desses bichos gostam muito de mim. Vá entender? Um deles, Átila, um dos amores de minha irmã e cunhado nunca me esquecia. Fazia festas de muita paixão quando eu aparecia quase um ano depois da última visita na casa de minha mana em Ribeirão. Confesso que não retribuía tanto carinho com a devida gratidão. Mas eu não sou cachorro não. Caso contrário saberia dar ao Átila a atenção que ele merecia. Abraço grande, Jarbas.

VIAGENS DE CARRO - PERCIVAL disse...

Grande Juca,

Pra variar, outro grande texto emocionante do grande escrivinhador Juvenal.
Sempre tive cães: huski, fox paulistinha, poodles, schnauzer.
Assim como o Jarbas, sou meio frio, distante com eles, mas dou razão às suas palavras. Os bichinhos são muito fiéis e mais amigos que muitos humanos.
Só uma pequena correção, Juca, em alguns trechos você cita "Wandick" ou invés de Waldick, o cantor que não era cachorro, não. Aliás tem um livro com esse nome que fala sobre música brega e ditadura militar, Vale a pena ser lido.
grande abraço canino

Anônimo disse...

Boa noite Juca, sou aluna do professor Jarbas e uma pessoa apaixonada por animais e principalmete por cães, tenho uma lá em casa que é do tamanho de uma garrafa pet, mas apronta a delas.Uma das ultimas foi tentar correr atars de um cavalo e espantar vaquinhas, rs como se tivesse tamanho para isso. Concorod com voce, os cachorros são mais fieis e amigos que muita gente que conheço e literalmente deixam uma enorme saudade quando partem. Beijos Dani

Anônimo disse...

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